depois do jantar

Não que eu não tenha o que fazer – tenho e muito! O negócio que é ando por conta das minhas vontades e pouco concentrado nos deveres. Foi assim que, depois do jantar, caminhei em direção ao atelier e, rapidamente, virei na primeira porta que avistei; evitando assim, minha entrada no espaço das tintas. A porta escolhida foi a que dá entrada ao escritório, onde passei mais de uma hora fazendo testes de luz, trocando de camisa e escolhendo um ângulo interessante para enquadrar a cena que você está vendo. Vontade de me auto-retratar? Não. Falta de modelo, mesmo. Ainda mudo pra uma república, pensionato, convento ou escola interna, onde haja uma profusão de modelos – dia e noite, sempre. Acordados ou adormecidos, vestidos ou desnudos, lindos ou feios. Os meus prediletos são os feios-lindos – como são expressivos e despretensiosos! Vou abrigar dezenas deles em minha casa.